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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ator, Diretor e Espectador.

São três peças fundamentais de um jogo, cada um é um vértice do triângulo e somente juntos é possível fechar a figura cênica e dar forma ao teatro. São de tal forma fundamentais que mesmo querendo-se\tentando-se excluir qualquer desses (ator, diretor ou espectador), a figura no máximo se oculta em uma das outras duas restantes.

Ator é o elemento que dá vida ao texto dramático, sem ele o texto não consegue ganhar o status
de teatro e fica no nível da literariedade. É através das ações pelo ator executadas que cada palavra se transforma em gesto e em fala realmente proclamada. Sem isso volta-se ao campo da imaginação do leitor, volta-se a deixar tudo por conta do receptor da mensagem.

Diretor é, até mesmos pela obviedade da nomenclatura, aquele que dirige, ou seja, é ele quem vai guiar as ações dos atores para dar forma cênica de acordo com a linguagem teatral pretendida e definir (ou pelo menos sugerir) a respeito das questões estéticas, técnicas e etc. que surgem durante a montagem de um espetáculo teatral.

Ator e Diretor são figuras intrinsecamente ligadas e essa ligação se torna evidente em experiências que tentaram excluir a direção e deixar tudo a cargo do ator. Porém o que foi feito senão transferir o Diretor para dentro do mesmo corpo, para a mesma pessoa do ator? Mesmo fisicamente ausente, o Diretor mantém-se funcionalmente presente.

O Espectador se presta a assistir, a ser a testemunha ocular das ações do Ator, e a isso me basta para definir esse elemento como função específica e necessária ao teatro, lembrando inclusive que a palavra grega “théatron”, era usada não para designar a arte ou o local onde se encenava, mas sim o local de onde se via as peças, sendo usado “teatro” para o todo apenas na posterioridade.


“Além disso, o comportamento do público, que o ator percebe ou sente, contribui para modificar sutilmente sua representação. Ainda assim, os efeitos desse face-a-face serão negativos ou positivos dependendo se o ator se sentirá apoiado, compreendido, ou ao contrário olhado com indiferença, aborrecimento, ironia, hostilidade etc., enfim, contestado e rejeitado. Daí as variações que é possível observar entre duas representações.” (Jean-Jacques Roubine, a arte do ator).

Essa função em especial, é definida muitas vezes como pertencente somente às pessoas que assistem ao espetáculo mas não estão trabalhando nele, ou seja, apenas apreciadores do momento. Porém é fácil também aceitar que o diretor nada mais é que um espectador treinado e com uma criticidade técnica que o dota do privilégio de opinar na montagem da peça, mas não seria também o ator, espectador do seu companheiro de cena e vice-versa, ou no caso de estar sozinho, espectador de si mesmo sob um diferente ponto de vista? Pode-se então dizer que Ator, Diretor e Espectador são funções dadas a pessoas e que uma mesma pessoa pode assumir mais de uma função, enquanto que ator, diretor e espectador são pessoas que assumiram uma dessas funções de forma mais explícita que outra.

Essas pessoas podem ser eliminadas do processo teatral (com a única ressalva do ator, que necessita estar bem definido para não se ficar na literariedade e alcançar a teatralidade que define a arte como teatro), porém as funções das quais elas são incumbidas, se não acham uma corporificação específica, se transferem para os outros participantes do conjunto. Fica destinado então que o número mínimo de seres fisicamente presentes para a execução de algo cênico esteja a cargo da proposta e da linguagem teatral que se queira utilizar.


Sinceramente,
Allan Leite

Um comentário:

Lih Paschoal disse...

Tudo isso pra não trabalhar com o Miguel Falabela, rapaz?

AUhUHUHUHAUHA


*Novo blog aprovado!

Muita saudade de vc!