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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Profissão: Ser Humano.


Ou o eterno devir que acende a chama da vida, ou ainda o vir-a-ser que nunca é e nos livra das jaulas da morte em vida.

É a eterna formação que conduz a evolução. Incompletos por natureza, os seres vivem e a sua incompletude é o que mantém o fluxo vital em funcionamento, bombeando o néctar que nutre a chama acesa no peito de quem vive.
Cada veia que se espalha e ramifica por entre a existência e o mundo do ser humano leva consigo o dever de se mostrar inacabada, de pulsar a necessidade de algo a mais.
Dentro desse mundo louco e sistematizado, onde sempre se pretende acabar algo, o mais inacabado é o próprio ser humano que leva junto de si a vantagem da multiplicidade, da capacidade de ser livre, ser coletivo e individual ao mesmo tempo, de ter a liberdade de ir ou de ficar.
A formação profissional, a educação... Tudo não passa de um eterno ir e vir, algo sem fim que nasce e morre a cada segundo. Seus únicos empecilhos são as oficializações, os espaços de rigidez que estancam o fluxo vital e perdem a conexão lentamente com o mundo que os cerca.
O concreto, o cimento e a pedra desconectam nossos pés do verde, da terra e da água. Escolas, igrejas, universidades, salas fixas e suas metodologias e doutrinas inertes desconectam nosso saber da realidade. A carteira de trabalho e o diploma nos enganam dizendo que temos apenas uma função, a nossa profissão, quando na verdade temos a função de viver e atuar em tudo que nossas veias tiverem a força pra fazer pulsar sangue e energia.
Não serei profissional em nenhuma área específica, não me limitarei a nenhuma função, não serei técnico em nada. Serei especialista em vida e tão amplo quanto o ser humano pode ser!
Só assim serei livre e completo, só através do constante trabalho, do constante movimento e da eterna celebração à vida que ocorre em cada respiro que atua no mundo é que poderei alcançar o Paraíso prometido. E ele está bem aqui, no agora e no terreno, só preciso abraçá-lo.
É necessário escolher conscientemente: Ou me desconecto e me engesso, me prendo em jaulas imaginárias como o dinheiro e o luxo, ou sustento minha existência por minhas próprias mãos e aí então tudo que estiver no mundo será ferramenta para a manutenção de mim mesmo.

Hoje percebi que estou num grande processo de formação para a morte, me preparo para deixar de existir. Viver para morrer e não morrer para viver. Pois no fim do Eu, existirá ainda o eterno fluxo do Nós.

Assim me declaro como Ser Humano por profissão, por lazer e em todas as possibilidades!

Pelotas, 15 de dezembro de 2012

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Allan Luis Correia Leite.

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