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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Elias, assume a sua responsabilidade intelectual, porra.

Cara... Esse tipo de coisa me irrita demais.

BEMxMAL, CERTOxERRADO, a divisão metódica do mundo e a falta de visão que compromete tudo aquilo que poderia ser mas não é.

Não, a minha irritação não é por que faltam argumentos nos debates, ou por que os argumentos são sempre cheios de falhas, eu fico realmente puto por que quando alguém, em alguma discussão, tenta contra-argumentar algo, acaba sendo dicótomo e se esquece que tudo é tão mais amplo e complexo que uma simples unidade de oposição e que as linhas se cruzam sempre, se não aqui, se cruzam no horizonte.

Quando vejo uma discussão e/ou um debate eu não consigo mais me ater em analisar somente os argumentos, mas acabo também verificando a origem desses argumentos - e com isso não quero falar da "bibliografia", mas a razão daquela pessoa estar favorável àquele ponto de vista da questão - e sempre vejo alguém totalmente parcial e subjetivo. Pode ser na escolha dos fatos científicos ou das teorias sagradas que vão embasar toda a argumentação ou pode ser também na ocultação dos mesmos, tanto faz.

Ah cara, é complicado de explicar mas presta atenção que talvez eu consiga me fazer entender pelo menos um pouco.

Pensa nessa linha imaginária que eu to tentando riscar no chão:

Você é a favor das drogas, principalmente da legalização e regulamentação desta. Diz pra quem quiser ouvir que se as drogas fossem legalizadas o tráfico ia sumir, ser nulo, beirar a extinção; ótimo, teoria perfeita, o mundo é perfeito e o bem vence sempre. E a perfeição se encontra no fato de que você sequer precisa explicar os efeitos benéficos que vem junto com a extinção do tráfico pois está tudo sub-entendido a diminuição da violência, o aumento do número de crianças na escola...

Provavelmente você consome ou já consumiu. Quer com essa argumentação, não fazer o bem à sociedade, mas facilitar seu acesso e se desmarginalizar por que esse uso é ilegal e você tem medo de bordoada de PM.

Não? Então tá, você não usa, mas é favor da legalização. Cara, teu irmão usa, tua namorada usa, teu pai usa, ou no mais radical dos casos você é a favor da liberdade TOTAL de escolha e não é a sociedade que te interessa, mas o poder de decidir usar ou não algo sem que alguém lhe diga que é proibido.

Na outra mão:

Você é contra a legalização e regulamentação dessas porcarias que só acabam com a saúde de qualquer pessoa, as drogas. Se legalizar, mais gente vai usar, será algo comum. Vão se criar indústrias como a do cigarro que vão aliciar as pessoas para consumir seu produto, sem se preocupar com o consumo consciente. Realmente, maconha vendida na padaria é algo totalmente prejudicial, até por que o número de viciados aumentaria e o vício traria todos aqueles problemas de volta e muitos outros. Pronto, ganhei, o mal é o natural do ser humano e o bem só existe com a ajuda de algum controle e da educação...

Nesse ponto eu lhe diria que você tem problemas de autocontrole, seu pai é um ditador e o gênio diabólico não é a humanidade, é você. Seus conceitos são da moral burguesa e seu pensamento é totalmente controlado para pensar aquilo que a elite atual quer que você pense.

Pronto, dicotomizei, subjetivei e principalmente esqueci de todo o resto. Esqueci que cada um é cada qual e suas ações não são previsíveis por completo, que se legalizada a droga, tem que ser fiscalizado e controlado, e se controlado e fiscalizado tem que ter paciência pra caminhar sempre na evolução, se banida de vez tem que estar sempre um passo a frente num eterno jogo de xadrez para diminuir ao máximo os estímulos que fazem o comércio ilegal crescer, que independente da opção escolhida as condições de vida e educação fazem a diferença pra se ter uma vida saudável em qualquer situação.

Não estou aqui defendendo nem condenando a venda de drogas, na verdade, pra mim tanto faz, quero mesmo é tentar mostrar que os caminhos sempre bi-tri-polifurcam e muitas vezes se contrapõe, mas não importa o que vai ser escolhido e sim como vai ser tratada a opção feita.

Aquilo que me irrita são discussões que não abrem o olhar para a dimensão maior que aborda todo assunto e que toda discussão simples é parte de uma única discussão sobre conceitos e moralidades, éticas e formas de vida. Sempre se discute a sociedade e seu funcionamento, mais nada.

Mas essa sociedade está fragmentada em pequenas porções de polêmicas e a falta de conhecimento dessa divisão cega qualquer um com a falsa sensação de estar certo e ter inteligência suficiente para julgar.

Ah brother, essa minha irritação se dá por no fim de cada embate tudo continuar na mesma já que ninguém abre mão de seus conceitos pré-formados e aquilo que prometia ser um chute inicial para algo evolutivo morre, estagna, e tudo isso por que se fechou em uma, talvez duas opções opostas de um possível futuro por medo de se escolher algo e trazer junto a responsabilidade de manter em constante construção.

Eu não sei nem te dizer se isso tudo que eu lhe falei é para dizer que o importante é estar sempre aberto numa discussão para ouvir e ser ouvido e tentar buscar o terceiro caminho nesse meio tempo ou se foi pra dizer que o mundo é um organismo vivo em constante crescimento e mutação que necessita de trabalho contínuo para se manter saudável, independente do estilo de vida, e que é necessário fazer uma escolha e encarar a responsabilidade das conseqüências como homem, sem nunca fugir da cena.


Aí, paga a cerveja e vamos embora, to cansadão e já ta esfriando.


Sinceramente,

Pensativo.

Um comentário:

Victor Albaini disse...

Tudo é uma questão de manter... A mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo.