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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

http://nenealtro.wordpress.com/

A dor da alma não se compartilha.
E não passa.
É atemporal.
Não diminui com a idade.
Vem como a mão do demônio passando pelo peito
e espremendo tudo lá dentro.
Ela te vence.
E sempre, sempre se supera.
Você acha que se conhece.
Acha que nunca mais.
Mas ela te conhece mais ainda.
Você fica velho.
Ela fica sofisticada.
Essa maldita dor da alma
nunca vai me dar paz.
Essa maldita dor da alma
sempre quer me vencer.
É como uma máquina de tatuagem
persistente e sanguinária
que a gente tenta ignorar
mas sabe que está alí.
Te rasgando.
Descaralhando sua vida.
Insistindo em te mostrar
que você não é forte.
Mas da mesma maneira que a dor da tatuagem
te deixa uma marca bonita
a dor da alma te faz saber
que você tem alma.
E isso já me faz erguer
discretamente
um pequeno sorriso no canto do lábio.
Porque enquanto essa dor desgraçada
me acompanhar
pelo menos sei
que estou vivo.


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Estou com preguiça
de ver gente.
De ir ao bar
e lidar com as pessoas de bar.
Preguiça de ligar.
De falar “alô”
e ter que processar tudo o que a pessoa
vomitar do outro lado da linha.
Estou com preguiça da minha preguiça.
De me sentir cansado.
Derrotado.
Queria entrar no mar
e ir bem lá no fundo
pra ele me lembrar que é mais forte que eu.
E que ele sim
não tem preguiça.
Preguiça das pessoas desse ônibus.
Do cara do carro ao lado
conversando com a namorada.
Da criança feia e barulhenta
do banco da frente.
Da serra.
Das curvas da estrada de Santos.
Preguiça de ter memória.
Na verdade acho que é isso
que está me cansando.
Lembrar.
Queria desligar a cabeça.
Queria parar de tentar.
Mas tenho preguiça.
Merda.

Nenê Altro

Só por que ele escreve muito e eu não sei me descrever melhor nesse momento.

Um comentário:

Victor Albaini disse...

A maior parte dos erros que nós cometemos acontecem por medo, preguiça ou teimosia. A maior parte das nossas verdadeiras conquistas acontecem quando nós os vencemos.